Contudo, constatamos que, o tanque nada mais era que uma espécie de “Aparecida do Norte” de sua época. Judeus que acreditavam em algo obviamente inexistente. O Tanque de Betesda é símbolo do formalismo e misticismo religioso, onde jazem milhões e milhões de pessoas ao redor de um símbolo, aguardando que um dia aconteça alguma coisa que os tire desta situação!
Descia um anjo
Realmente no tanque de Betesda? Descrito na Palavra de Deus no Evangelho de
João 5.1-15,
A cidade de Jerusalém
sempre foi muito importante por ser considerada à cidade sagrada. Por judeus,
cristãos e muçulmanos.
Nessa cidade havia uma
fonte de água que ficava próximo da “porta das ovelhas”, ou seja, próximo a um
mercado de animais. Talvez por essa cidade, ser reconhecida como sagrada, e,
portanto, mística.
Nasceu a história de
que essa fonte possuía águas miraculosas. Dizia-se que um anjo vinha do céu uma
vez por ano, agitava as águas e o primeiro doente que mergulhasse, seria
curado.
Muitas pessoas se
aglomeravam aguardando um milagre. Na verdade uma multidão de pessoas
inválidas: cegos mancos e paralíticos.
Foi construído nessa
fonte um pavilhão para abrigar tanta gente, este possuía um alpendre com cinco
pavimentos. O lugar foi denominado, ironicamente, de Betesda – que em hebraico
significa “casa de misericórdia”.
“Conta-se que muitas
famílias, para se verem livres dos doentes, os abandonavam nos alpendres do
tanque de Betesda. Os ricos compravam escravos para os ajudarem a entrar nas
águas.
Alguns alugavam as
bordas mais próximas, que possibilitavam melhor acesso. Todos queriam o seu
milagre e, lógico, os mais abastados, sagazes e famosos, se sentiam perto da
graça”.
É óbvio que se os mais
abastados ficavam nos lugares de melhor acesso para entrar na água, os pobres e
miseráveis ficavam sempre no fundo do pavilhão, sempre por último.
Eu sei que é difícil,
mas imaginemos a situação: Um lugar que se acreditava que um anjo descia uma
vez por ano, mas ninguém sabia a data exata.
De repente alguém
grita: “o anjo agitou as águas”, e a confusão estava feita, doentes se jogando
por todos os lados na tentativa de ser o primeiro a entrar, e novamente
aconteceu que, ninguém sabe ao certo quem foi o primeiro e, portanto, não houve
cura. Mais um ano de frustração.
As pessoas afirmavam
que o anjo descia até o tanque anualmente, mas ninguém sabia a data exata.
Irrequietos, os doentes mais hábeis saltavam, esporadicamente, para se
anteciparem ao anjo. A confusão era constante. Os que se sentiam melhor,
corriam pelos corredores gritando “aleluia” e outros, nervosos e frustrados,
desmentiam os milagres. Vez por outra, levantavam-se profetas prevendo o dia
preciso em que o anjo visitaria o local.
A passagem de Jesus
pelo tanque de Betesda aconteceu num sábado, o dia sagrado dos judeus, porque
ele tinha um propósito: mostrar que a religião se preocupa, prioritariamente,
com a sua estabilidade. Os religiosos sobrevivem da ilusão e não têm escrúpulos
de gerar falsas expectativas em pessoas fragilizadas.
A Jerusalém do século I
a.C. reunia vários elementos das culturas anteriores, como babilônicos, persas
e helênicos, que as tinha conquistado. O helenismo profundamente difundido pela
alta sociedade encontrava forças nas suas bases culturais principalmente quando
estava relacionado à cura de doenças, estas eram entendidas pelos povos
semíticos como provenientes de demônios crença essa difundida desde períodos
remotos.
Mas, essa piscina,
descoberta quando da ampliação de uma casa no contexto de Jerusalém no final do
século XIX, foi escavada em meados do século XX.
Para surpresa dos
arqueólogos, alguns dados vieram à tona: o primeiro deles é que essa piscina
faz parte de um complexo ligado ao santuário de Serápis (Asclépio) que era o
deus associado à cura.
Ela tem muito pouco
(pelo menos o que foi escavado) haver com o ambiente estritamente judaico.
Talvez, por isso, Jesus não mandou o homem mergulhar na piscina; ele o curou
ali mesmo na borda.
Este era um santuário
do deus da cura, Asclépio, e parece ter muito mais relação com as guarnições
multiétnicas romanas estacionadas em Jerusalém, o que não quer dizer que ele
também não possa ter atendido a judeus helenizados”.
Foram encontradas no
local colunatas do estilo romano e uma pintura de um anjo agitando as águas que
segundo os especialistas responsáveis pelo achado comprovam que essa pintura é
do período dos imperadores romanos cristãos, fato esse comprovado pelos
profissionais químicos atuais, responsáveis por estudos mais profundos
utilizando a técnica do carbono 14.
Os romanos reutilizaram
a estrutura e a aumentaram consideravelmente. Acrescentaram cisternas, bancos
nas salas cobertas e, possivelmente, um altar para sacrifícios. O lugar era
claramente um santuário onde se tomavam banhos de cura, sob a proteção de
Serápis, como mostra as peças arqueológicas descobertas.
Afrescos murais
representando a cura; ex-voto comemorando as duas funções de Serápis (curas e
salvamentos no mar); moedas reproduzindo a efígie de Serápis e da deusa Hígia,
filha de Esculápio; uma representação mostrando Serápis como serpente com a
cabeça de homem barbado.
O Tanque de Betesda
ficava localizado próximo a uma fonte que segundo registros, já tinha a função
de abastecimento desde o período de Salomão como os mapas utilizados pela
autora Karen Armstrong. A primeira menção de ocupação da atual área de
Jerusalém, remonta do século X a.C. pelo povo Jebuseu nesse período não tinha
referências de águas subterrâneas a parte ocupada pelos Jebuseu se resumia a um
elevado bem protegido e com a fonte de Gion.